terça-feira, 12 de julho de 2011

A Hard Day's Night

Enquanto a gritaria na escada continuava, ele saiu de canto em seu sobretudo preto e um chapéu na cabeça. Os passos se estendiam mais rápidos diante a multidão que o seguia. Algo estava prestes a acontecer. Suas mãos acolchoadas pelo tecido grosso de sua veste esquentavam uma moeda que ele apertava com a mão esquerda. O suor que nascia feito orvalho em uma manhã fria da primavera.
As costas machucadas latejavam como uma banda marcial, perfeitamente. Os gritos histéricos foram deixados para longe com as portas e os vidros fechados de uma limusine. John Lennon sairia pela última vez para ceder uma entrevista em rádio. 48 horas antes de seus últimos sorrisos em um planeta chamado Terra. Falou sobre seus desejos de permanecer em Nova Iorque, das manifestações do governo americano em não dar o visto para o ex-integrante dos Beatles morar em seu país. Julgavam-no como um forte perigo imediato contra as bases governamentais americanas e que tinha um grande poder para mudar uma futura eleição para a presidência nos Estados Unidos da América. Disse também que em Nova Iorque podia sair e passear no parque sem ser incomodado. "As pessoas me cumprimentam e só" disse, "Eae John? como vai o seu filho?" continua.
Cartaz criado por John e Yoko
            "Nunca passaria em sua cabeça que alguém pudesse querer assassiná-lo." disse Yoko Ono, mulher do ex-beatle. Mas na noite de 8 de dezembro de 1980, quando voltava, ao edifício Dakota onde morava, em frente ao Central Park, John foi abordado por um rapaz que durante o dia havia lhe pedido um autógrafo em um LP Double Fantasy em frente ao Dakota. O rapaz era Mark David Chapman, um fã dos Beatles e de John, que acabou disparando 5 tiros com revólver calibre 38, os quais 4 acertaram em John Lennon.
A polícia chegou minutos depois e levou John na própria viatura para o hospital. O assassino permaneceu no local com um livro nas mãos, "O Apanhador no Campo de Centeio" de J.D. Salinger. John morreu após perder cerca de 80% de seu sangue, aos quarenta anos de idade.
Logo após a notícia da morte de John Lennon, que correu o mundo, uma multidão se juntou em frente ao Dakota, com velas e cantando canções de John e dos Beatles. O corpo de John foi cremado no Cemitério de Ferncliff, em Hartsdale, cidade do estado de Nova Iorque, e suas cinzas foram guardadas por Yoko Ono.

Na última sessão de fotos, uma semana antes de ser assassinado

John, que nasceu em Liverpool no dia 9 de outubro de 1940, hoje estaria com 70 anos e talvez viesse fazer um show no Brasil e arrecadar pequenas fortunas ao redor do mundo, assim com Paul McCartney anda fazendo. Não acho que ele não faria isso. Em alguns sonhos perdidos em minha mente estranha, gostaria de rever alguns de meus ídolos mortos em uma roda de troca de informações. Nela John com certeza estaria sorrindo, com um violão na mão e soltando as incontáveis melodias que ficaram escondidas e talvez nunca mais ninguém as encontre.



Gustavo Ribeiro

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