quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Um pouco de iluminações em uma caixa de madeira

Poderia começar escrevendo algo sobre pássaros ou políticos estranhos. Poderia facilitar a vida das pessoas e começar uma autobiografia intitulada: eu mesmo.  Serviria caviar aos porcos e lavagem aos elegantes reis e rainhas britânicos. Suspenderia o retorno ao trabalho em cinco dias, distribuir falsas notas de cem contos para os fascistas ou democratas.
Pequenas rotas de comodismo. Mesma história, mesma hora. Banho, leite gelado, fruta, alguma fumaça que sai das ventosas entranhas humanas. Estranho seria se ficasse lá quieto. Talvez minha avó estivesse aqui ainda para me repreender e dizer o quanto era importante uma pessoa trabalhar e ser digno de seu próprio suor. Saberes antigos, abençoada seja minha avó onde ela estiver.
E no mesmo instante penso que a vida pode ser boa agora. Respeito. Tenho que zelar os ensinamentos que herdei da minha grande mentora. Meus passos, às vezes saem dispersos pelas ruas íngremes e esburacadas da minha cidade. Penso em como eu poderia contar tudo que ando apreendendo. Desviante, continuo desviando os olhares de pessoas estranhas. Meu mundo distante da dita sociedade correta, pessoas fedem o suor delas de cada dia e se escondem em produtos para esconder suas fraquezas, desodorante, perfume, pasta de dente, xampu, creme pós barba. “Penteie esse cabelo menino” diziam os mais velhos, “erga essa calça, isso é um perigo, você pode ir até preso” ela exclamava e eu saia bravo enquanto me espiava pela fresta da cortina na janela.
Meus amigos devem estar em algum bar nesse mundo que pouco conheço, bêbados, discutindo civilizações perdidas do inicio dos tempos. Japoneses, Maias, europeus do leste, vodka, prostituição e guerra. Despentearei meus cabelos castanhos, em voltas de motocicleta por entre montanhas geladas de algum país distante.
“Passe mais uma fatia de pão”, algum governador fedorento disse após acabar de lamber os últimos vestígios do molho ao sugo do Chef italiano. Escargots andando para lá e para cá encima da mesa de jantar de um diplomata tupiniquim, que enquanto comia, caçoava do francês com bigode que tentava abrir um coco verde com uma banana nanica. Imperfeições.
Enquanto meu avião não chega, encosto meu corpo em uma pilastra de mármore grego. Enquanto meu avião não chegar vou ter que ler diversas versões de um mesmo golpe comunista. Licitações, indicações, moções, tudo isso em uma sessão ordinária. Cinco horas ordinárias. Distração, acabo de congelar meus professores que não me ensinam muita coisa que já não saiba. Meus pés, sem querer, acertaram o botão esquerdo da máquina. Em um futuro distante talvez eles sirvam para alguma coisa. Façam-me sorrir ao menos uma única vez. Seus escargots acabaram de escalar as paredes do palácio. Traga-me mais dois litros de absinto, quero ver a fada verde, só assim poderei descansar meus pensamentos bardos em uma poça de embriaguês profunda.


Gustavo Ribeiro

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A.R.T.



Obra feita com tinta acrilica sobre tela.

Nenhuma arte incomoda pouco. A lua me olha torta pela fresta da janela. Esquinas, vielas...
Dois tijolos feitos de barro. Uma aspirina para aliviar a ressaca. Todos os olhos agora se fecham, dentro de uma floresta encantada. Assoviando uma canção dos Beatles um mendigo me doou um sorriso, na esquina da Paulista com a Consolação.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Delirium tremens

Tomado pelo abraço do dragão, ele se levanta ainda sonolento e cambaleante. Seu rosto marcado com vergões de um lençol barato. Coloca as mãos no bolso e descobre umas moedas. O caminho até a taverna era curto, duas quadras. Seus passos leves contavam as notas de seu próximo conto. Delírio. Edgar entra na antiga taverna no centro de Baltimore, depois se acomoda frente ao balcão e pede um conhaque. Suas moedas deram para meia dose. Num trago ele acabou com a pequena quantia do conhaque barato que acabara de comprar.
Edgar Allan Poe
Aos becos e ruas estreitas da cidade portuaria,  Allan Poe, como era mais conhecido, estava atrasado para sua aula de latim. Colocou a mão no bolso esquerdo do seu paletó preto e surrado e encontrou um pouco do ópio que comprou na noite anterior. Seus contos nunca seriam notados, pensou o pobre garoto de Boston, Estados Unidos.
Edgar Allan Poe nasceu em Boston no dia 19 de janeiro de 1809, filho de atores fracassados, sendo o pai David Poe Jr., que o abandonou um ano depois. Sua mãe, Elizabeth Arnold Hopkins Poe, morreu após o nascimento de Rosalie, a irmã mais nova de Poe, quando o pequeno Edgar tinha apenas dois anos.  Depois do ocorrido, um rico casal adotou a criança, Francis Allan e o seu marido John Allan, um mercador de tabaco bem sucedido de Richmond .
Gravura representando o conto:
O gato preto
Com os Allan, o pequeno garoto teve a oportunidade de estudar na Inglaterra, freqüentou a  escola de Misses Duborg em  Londres, e a Manor School em Stoke Newington, Poe voltou para Richmond em 1820, entrou na Universidade da Virginia seis anos mais tarde. Seus estudos duraram até o ano de 1827, quando foi expulso por ser boêmio e subversivo.
Sua roupa preta estava manchada com cinzas de cigarro. Seus pensamentos transformavam quase tudo em extraordinário. Tragos. Rasgos. Um gato preto passa arrepiado, esfregando seu frágil corpo no sapato opaco do poeta. Dois corvos saem voando e emitindo seus devidos sons. Uma nuvem cinza sobrevoa em direção à cidade. Angustiado, Poe segue em passos apressados agora. Sua fome ronca em seu estomago judiado pelos dois dias de apostas no jogo, conhaque e opium. O rosto sujo e oleoso precisava urgentemente de um bom banho quente. Os pingos da chuva densa começam a cair em suas costas doloridas. Em alguns instantes não vai mais estar na chuva, sua casa aparece após a esquina de uma mansão abandonada. Poe parava todo dia em frente a antiga mansão, mas nesse dia com a chuva, a pressa não deixou que ele observasse na janela do sótão do antigo casarão. Alguma sombra apareceu junto com o brilho de um relâmpago. Poe precisava descansar.
A banheira já estava cheia de água quando Poe acendeu o seu cachimbo com ópio. Suas pupilas dilataram-se lentamente e seu cérebro começou a sentir o efeito da papoula. Os músculos relaxaram quando afundou sua cabeça na água morna. Os delírios voltaram atormentar sua consciência. Insetos asquerosos subiam pelo azulejo do banheiro. Mariposas grudentas pairavam em redor a sua cabeça cheia de ópio. Ao sair da água, sentiu o frio que cortava seus delírios. A toalha branca enxugou os cabelos pretos do escritor. Alguns insetos insistiam escalar suas pernas brancas e com espumas de sabão. Algo poderia estar acontecendo com a sua realidade. Virginia Eliza Clemm Poe chegou no pequeno quarto do casal e viu o marido se debatendo e falando coisas absurdas quando saio vestindo o paletó limpo e com um semblante desesperado.

Lápide do tumulo do escritor

Edgar A. Poe, foi encontrado com roupas que não eram as suas no dia três de outubro de 1849, aos 40 anos, jogado em uma das ruas de Baltimore, tendo alucinações provindas de delirium tremens, uma psicose causada pela abstinência ou suspensão do uso de drogas ou medicamentos freqüentemente associada ao alcoolismo, mas que também pode se apresentar com o uso prolongado ou abusivo de benzodiazepínicos ou barbitúricos. O escritor foi levado ao Washington College Hospital, mas morreu apenas quatro dias depois.
Nunca foram apuradas as causas precisas da morte de Poe, sendo bastante comum, apesar de incomprovada, a idéia de a causa do seu estado ter sido embriaguez. Por outro lado, muitas outras teorias têm sido propostas ao longo dos anos, de entre as quais: diabetes, sífilis, raiva, e doenças cerebrais raras.
 A velha mansão abandonada próxima da sua casa, continua existindo até os dias de hoje. Algumas pessoas dizem passar por lá e ouvir barulhos estranhos no calar da noite. Várias pessoas disseram já ter visto em dias de chuva sombras nas janelas após os clarões das rajadas de relâmpago. Outros disseram ver duas sombras. Contos de terror, de morte e de medo. Edgar continua assombrando os pensamentos dos leitores que por ventura descobrem sua obra. Um gênio que como muitos morreu pobre e louco. Desventuras. Loucuras. Situações mundanas.


Gustavo Ribeiro
Campinas, SP.

domingo, 16 de outubro de 2011

Antes e depois

Tudo passa devagar dentro de um ônibus. Muretas e placas luminosas. Não sinta medo. Saia correndo para uma dimensão estranha, finja, exploda nebulosas e se esconda detrás do muro. Num instante tudo que me foi ensinado ficou jogado em um grande saco de lixo plástico. Quando a muleta cai e fica só você e o chão. Perto, tão logo e tão já. Os horizontes começam a expandir-se. Meu instinto de caça tem que renascer dentro de meu fantástico ser terrestre. Minhas asas foram retiradas e moqueadas longe de minha visão. Tudo caminha lentamente agora.
As construções continuam a todo vapor em minha memória bagunçada. Seis menos dois dá quatro desde quando? Meus órgãos vitais se remexem dentro do meu corpo físico, quantas portas eu poderei abrir? Quantas outras perguntas terei que fazer aos céus? Meus olhos começam a arder. Toda a história que muda uma trajetória terrestre e meus desejos se tornam realidade. Tudo que meus olhos viram e tudo que meus ouvidos puderam ouvir não sei mais o que pode ser real. Mas acredito em algo.
Caminhe em sua escuridão, reflita e discuta com seus próprios medos. Cada planta verde tem um verde especifico. Inacreditável pensar assim. Saio despreparado sempre, sem escova de dentes ou cuecas suficientes, mas meu santo é forte, o que passa nas minhas veias senão um sangue puro? Sangue real. Minhas apostas podem aumentar em qualquer momento. Escrever em meus pensamentos é sempre mais fácil, as linhas se cruzam sem grande esforço. A mensagem chega antes que o mensageiro. Deito-me.
Uma bateria de gritos e sustenidos vozeirões balançam as palmeiras da antiga praça de qualquer lugar do Brasil. Pescoços apertados pelo peso da mochila que marcou com duas listras vermelhas minhas costas também. Relaxa, em qualquer momento você encontra o que veio procurar por aqui. As pedras foram espalhadas por vários cantos do planeta Terra. Meus livros estão todos empoeirados em algum canto da minha casa cheio de traças. Meu cérebro expande.



quarta-feira, 13 de julho de 2011

13 de julho

No dia do rock eu fico assim tão estranho. Vontade de sair do trabalho e voltar correndo pro quarto. Destilar meus pensamentos em uma garrafa gigante. Voar dentro de acordes multicoloridos e planar em belos e calmos jardins suspensos. Meu tênis preto manchado de amarelo e vermelho, suas sandálias soltas cobertas de grama. Estenda sua mão aos deuses da música agora e ouça Led Zeppelin. Feche os olhos e se sinta em uma plantação de morangos para sempre. Cheire a espírito juvenil e amplifique seus mais insanos pensamentos.

Gustavo Ribeiro

terça-feira, 12 de julho de 2011

A Hard Day's Night

Enquanto a gritaria na escada continuava, ele saiu de canto em seu sobretudo preto e um chapéu na cabeça. Os passos se estendiam mais rápidos diante a multidão que o seguia. Algo estava prestes a acontecer. Suas mãos acolchoadas pelo tecido grosso de sua veste esquentavam uma moeda que ele apertava com a mão esquerda. O suor que nascia feito orvalho em uma manhã fria da primavera.
As costas machucadas latejavam como uma banda marcial, perfeitamente. Os gritos histéricos foram deixados para longe com as portas e os vidros fechados de uma limusine. John Lennon sairia pela última vez para ceder uma entrevista em rádio. 48 horas antes de seus últimos sorrisos em um planeta chamado Terra. Falou sobre seus desejos de permanecer em Nova Iorque, das manifestações do governo americano em não dar o visto para o ex-integrante dos Beatles morar em seu país. Julgavam-no como um forte perigo imediato contra as bases governamentais americanas e que tinha um grande poder para mudar uma futura eleição para a presidência nos Estados Unidos da América. Disse também que em Nova Iorque podia sair e passear no parque sem ser incomodado. "As pessoas me cumprimentam e só" disse, "Eae John? como vai o seu filho?" continua.
Cartaz criado por John e Yoko
            "Nunca passaria em sua cabeça que alguém pudesse querer assassiná-lo." disse Yoko Ono, mulher do ex-beatle. Mas na noite de 8 de dezembro de 1980, quando voltava, ao edifício Dakota onde morava, em frente ao Central Park, John foi abordado por um rapaz que durante o dia havia lhe pedido um autógrafo em um LP Double Fantasy em frente ao Dakota. O rapaz era Mark David Chapman, um fã dos Beatles e de John, que acabou disparando 5 tiros com revólver calibre 38, os quais 4 acertaram em John Lennon.
A polícia chegou minutos depois e levou John na própria viatura para o hospital. O assassino permaneceu no local com um livro nas mãos, "O Apanhador no Campo de Centeio" de J.D. Salinger. John morreu após perder cerca de 80% de seu sangue, aos quarenta anos de idade.
Logo após a notícia da morte de John Lennon, que correu o mundo, uma multidão se juntou em frente ao Dakota, com velas e cantando canções de John e dos Beatles. O corpo de John foi cremado no Cemitério de Ferncliff, em Hartsdale, cidade do estado de Nova Iorque, e suas cinzas foram guardadas por Yoko Ono.

Na última sessão de fotos, uma semana antes de ser assassinado

John, que nasceu em Liverpool no dia 9 de outubro de 1940, hoje estaria com 70 anos e talvez viesse fazer um show no Brasil e arrecadar pequenas fortunas ao redor do mundo, assim com Paul McCartney anda fazendo. Não acho que ele não faria isso. Em alguns sonhos perdidos em minha mente estranha, gostaria de rever alguns de meus ídolos mortos em uma roda de troca de informações. Nela John com certeza estaria sorrindo, com um violão na mão e soltando as incontáveis melodias que ficaram escondidas e talvez nunca mais ninguém as encontre.



Gustavo Ribeiro

terça-feira, 28 de junho de 2011

Mister Mojo Risin

Poderia falar aqui que ele morreu com 27 anos também, seguindo a regra de seus amigos Brian Jones, Jimmy Hendrix, Janis Joplin, e do companheiro de causa, Kurt Cobain mas isso todo mundo sabe. Poderia falar que ele era o vocalista do The Doors, banda norte americana formada por Ray Manzarec (teclado) Robbie Krieger (guitarra) e John Desmore  (contrabaixo) todos ririam de mim e pediriam para contar algo que ninguém saiba.
James Douglas Morrinson estudava cinema em Los Angeles, na Universidade da Califórnia (UCLA). Após a graduação pela UCLA, e um encontro casual com o seu antigo colega Ray Manzarek em Venice Beach, "Jimbo" como era chamado por seus colegas, recitou alguns poemas (entre os quais o famoso "Moonlight Drive"), e Manzarec  o convidou para formar uma banda. Nasceria aí o The Doors, em meados de 1967.
O nome da banda – The Doors - foi inspirado no livro “The Doors of Perception de Aldous Huxley.
Certo dia, como reza a lenda, Jimbo estava em um bar com seu empresário. Ele tinha uma mania um pouco estranha, chegava no balcão e pedia oito doses de vodka, enquanto não bebesse as oito não saia nem para ir ao banheiro. Algumas garotas que estavam no bar, perceberam a presença do vocalista do Doors e logo se aproximaram. Para Morrison apenas mais duas garotas doidas querendo trepar, elas pediram para ele fazer sexo com as duas naquele mesmo instante, ele sorriu e disse que até poderia ser mas elas teriam que esperar ele terminar seus copos com vodka. Uma das garotas então pediu para que ele a deixasse pelo menos fazer sexo oral com ele, então Jim abaixou o ziper da insepáravel calça de couro e o fato se consumou durante a conversa com o seu empresário, no meio de um bar no final dos anos sessenta.
Mr. Mojo Risin, (um anagrama formado com as letras do seu nome) como ele se auto intitulou curtiu todas as drogas que lhe eram ofertadas. Com uma atitude do caricato rockstar conquistava fãs por onde passava com sua banda. Em 1971 a banda resolveu dar um tempo, Morrison então foi morar em Paris com sua namorada Pamela Courson com o proposito de se concentrar na escrita. Em Paris, morreu em 3 de Julho de 1971, na banheira, aos 27 anos.
Em sua música “The end”, Morrison canta: Este é o fim/Belo amigo/Este é o fim/Meu único amigo, o fim/Dos nossos elaborados planos, o fim/De tudo que permanece, o fim/Sem salvação ou surpresa, o fim/Eu nunca olharei em seus olhos de novo...”

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sexo, drogas e um pouco de Rockandroll!!!

Todos costumam achar que os Stones deixaram os Beatles no chinelo no que se refere a bacanais extravagantes, mas o próprio Lennon disse que os “Fab Four” apenas ocultavam melhor seus excessos sexuais. Em uma entrevista de 1970 à revista Rolling Stone, ele comparou a vida dos Beatles às orgias da Roma antiga, dizendo: “ Na falta de fãs, chamávamos putas. O que rolasse. Tem fotos minhas saindo rastejando de puteiros de Amsterdã com pessoas dizendo: ‘ Bom dia John!’”
Quanto a aventuras homossexuais, há mais boatos do que verdade. Especula-se que Lennon dormiu com Brian Epstein (empresário dos Beatles) quando os dois estavam de férias, apesar de o músico ter ridicularizado cruelmente o empresário por ser gay – declarando, por exemplo, que a autobiografia de Epstein, “ A cellarful of noise” ( Um porão barulhento), deveria ter sido intitulada “ A cellarful of boys” ( Um porão cheio de garotos). Enquanto isso, muitos fãs acreditavam que Jagger transou com David Bowie, apesar de os dois terem negado, e a  história parece ter começado como um golpe publicitário da ex-esposa de Bowie, Angela (que aparentemente não foi inspiração para a música  “Angie” dos Stones.
Em relação aos triângulos amorosos, do lado dos Stones, o caso foi entre Brian Jones, Keith Richards e Anita Pallenberg. Richards levou a melhor; o casal ficou junto de 1967 a 1979 e teve três filhos.
Com os Beatles, o triângulo formou-se com George Harrison, Pattie Boyd e Eric Clapton. O casamento entre Harrison e Boyd terminou depois de onze anos em 1977; já Clapton e Boyd ficaram casados de 1979 a 1988. Clapton compôs “Layla” em 1970, sobre seu amor platônico na época.









Gustavo Ribeiro

fonte: The Beatles vs Rolling Stones: A grande rivalidade do Rock´n´Roll

sexta-feira, 17 de junho de 2011

1993

No canto estava ele, caído com sua guitarra pendurada no pescoço. Sua dose diária não tinha sido injetada. A caipirinha estava fazendo efeito junto com um calor insuportável do verão carioca. O garoto de 25 anos sucumbiu à falta de heroína. Com um vestido, Kurt Cobain começou a engatinhar em direção ao backstage. Sem dúvida um dos piores shows da sua vida. I SEE YA.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A primeira viagem dos Beatles


Aquela manhã cinza de Londres podia ficar bem mais colorida ao passar das horas. John Lennon colocava suas botas pretas para o seu passei depois do primeiro cigarro. Seus cabelos estavam precisando de um pouco de higiene, não se importou.
Na sua casa cheia de árvores, George Harrison brincava com seu cachorro na grama em frente ao jardim. Seus movimentos de guitarristas ainda atrapalhados pela noite anterior. Um copo com chá o esperava na mesa da sala de estar, tinha um encontro com seu amigo na casa de um dentista maluco.
George Harrison e John  Lennon viajaram juntos  com LSD, pela primeira vez  em 1964 na casa de um dentista londrino, logo após um jantar. Na casa ainda tinha um sujeito chamado Michael Hollingshead que era praticamente um missionário do ácido lisérgico.
Hollingshead andava por aí com um pote de maionese cheio de ácido vindo dos laboratórios da Sandoz na Suíça, onde o LSD foi sintetizado pela primeira vez pelo químico Albert Hofmann, ele tinha como missão converter o maior número de pessoas possível, mas Harrison e Lennon odiaram aquela primeira “viagem”. Eles acabaram no carro de Harrison dirigindo em alta velocidade por Londres, totalmente fora de si. Foi só mais de um ano depois, seguindo o conselho de Tim Leary em  A experiência psicodélica- sua interpretação do Livro Tibetano dos mortos, com todo aquele papo de controlar a postura e o ambiente-, que Lennon “viajou” em seu sótão, seguiu a direção da luz. Na manhã seguinte compôs “Tomorrow never knows”.


Gustavo Ribeiro

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Baú encantado

Nas profundezas de um baú cheio de discos, acabo de encontrar uma preciosidade. Led Zeppelin IV foi  o quarto álbum de estúdio do grupo britânico, lançado em 8 de Novembro de 1971.
Não possui qualquer título oficial mencionado na capa e é habitualmente designado de Led Zeppelin IV. Os catálogos da Atlantic Records costumam usar Four Symbols (Quatro Símbolos) e The Fourth Album (O Quarto Álbum). O guitarrista dos Led Zeppelin, Jimmy Page, frequentemente refere-se ao álbum em entrevistas como Led Zeppelin IV, enquanto que o vocalista Robert Plant designa-o de "o quarto álbum”.
É um dos álbuns mais vendidos da história, com mais de 23 milhões de cópias vendidas somente nos Estados Unidos. As vendas a nível mundial estimam-se para cerca de 37 milhões de cópias. O meu eu tinha guardado desde que nasci, porem alguém foi no atelier da casa do meu pai e levou o disco. Estava então sem um dos meus discos prediletos desde minha infância.
Um dia estava na casa de um amigo, um dia antes do meu aniversário, me ofertou uma cerveja e colocou a sua caixa de vinis em meus pés. Ele tinha dois Led Zeppelin IV. Pedi disfarçadamente como presente, não me prometeu pois me disse que era de seu irmão. No outro dia todos meus amigos reunidos, algumas meninas que queriam ouvir outros sons a não ser o rockandroll, desatei o nó. Liguei o meu setlist, espantando várias daquelas senhoritas que nem eu mesmo conhecia. Quando me aparece “Vudu”  e um embrulho de jornal. Logo já pensei que poderia ser o disco, eis que abro o pacote e estava lá, o ancião carregando um fardo de algum mato nas costas. “Black Dog”, “ Going to California”, “Stairway to Heaven”. Meus ouvidos treinados agradeceram. O sorriso estampado no rosto anunciava a minha satisfação.
Poderia até mesmo ser o disco que ouvia quando criança. Poderia ser os mesmos riscos que eu tinha produzido enquanto rastejava e me melecava com o resto de brigadeiro da panela. O eremita que fica dentro do encarte, segurando um lampião e olhando tudo aquilo lá de cima de seu morro me iluminando o caminho para uma audição perfeita. Pede-se um litro de vinho tinto seco, velas e uma companhia agradável. I SEE YA.

Gustavo Ribeiro

Loucuras Santidásticas

Casas  e luzes se voltam a mim como uma fita de rádio normal sem comunicação. Crianças brincando em cirandas como se fossem carrosséis. Nos  pássaros posso ver seus olhos em posição novamente, chorando pela primavera que deu lugar ao longo inverno rodando e rodando em seus ventos a flor da pele.
Sorrisos e fantasias em  suas  lâmpadas com gênios voadores,  decisões sobre dados de pingos em preto. Falando sobre fogos em suas mãos de rodar pedras e corações, fazendo a Lua se perder de prazer na noite de estrelas cadentes. Sua solidão quase toca o céu com suas porcelanas voadoras, tapetes roxos, transatlânticos submersos em minha mente com rosas e trovões pedindo não dizer adeus, nesta última hora de loucura e situações e jogos que conseguem me explicar os mistérios dos ponteiros silenciosos.
Pessoas estranhas, vigias sombrios, sofrimentos caminhando em muralhas de espinhos, relógios em câmera lenta, gritos de prazer, linhas de metrô sentido ao zoológico, bandolins e corais contemplando esplendor em migalhas de fantasias. Loucuras santidásticas em séries de tevê, chips em informações de desastre, cores mudando em seu espírito, os dias mudam como as cores em seu teto. Peles de heróis em montanhas carameladas, filas de pão com amores programados em meses de olhares e encontros casuais.
Seu sufoco em sacolas plastificáveis, cheias de clichê e dúvidas, em qualquer lugar que você queira, até aonde os ventos te levarem com sossego, a fim de te acompanhar em cima deste disco voador com bebidas vermelhas e mundos loucos de luxúria. Cavalos com madames em vestidos azuis, com pérolas e dólares, em suas cabeças de fantoche, esta destruição  em notas tocadas com dedos de anjos e fantasmas em pianos encarnados por melodias medievais de sons e centavos. Mate-me com seu amor, em uma lista de tempos e sortudos, hoje será um dia glorioso em seu lago, qual o seu nome? Hoje será um dia glorioso em seu lago de sorte.


Alan Vianni


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Homeless

Com o frio o pobre senhor só tinha uma caixa de papelão para se cobrir. Suas costas molhadas com a urina que descia beirando o muro, de outro senhor que dormia mais para cima. Com suas unhas pretas de sujeira coçava a barba metade branca outra não. Seus olhos cansados olhavam a briga dos cachorros em plena madrugada. Eram apenas duas da manhã.
O estômago já mexido soltou tudo para fora em um único e barulhento vômito. Tinha tomado todas as garrafas de vinho que pôde. Os olhos lacrimejantes e vermelhos sabiam que a noite ainda ficaria cada vez mais gelada e barulhenta. Os trovões anunciavam uma chuva tempestuosa.
Na noite anterior uma briga por um pedaço de pão, fez com que seu braço sangrasse. Estava com a camiseta cheia de sangue escuro da outra noite. Estava morando ali por que sua esposa o traiu com seus dois melhores amigos, na mesma tarde, enquanto ele trabalhava em sua oficina para consertos de ventiladores. Quando chegou em casa e viu a cena, foi até o quarto dos fundos e pegou seu revolver calibre 38. Matou a esposa e os dois amigos. Mulher safada. Fugiu do interior e foi morar na capital em becos escuros. Vive na marginalidade do mundo cinza paulistano.
Seus pais o deixaram em um orfanato de freiras, sempre foi muito bom com todos. Caridoso e prestativo, toda semana fazia doações para a instituição onde foi criado. Ganhou o revolver de um antigo jardineiro do orfanato. Agora o chuva começou e eram apenas duas e dez da manhã. Sua noite não seria nada agradável.


Gustavo Ribeiro

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pré estréia

A porta do bar tinha alguns adesivos colados. Adesivos de moto clubes, bandas dos anos setenta e algumas mulheres nuas. Senhores vestidos de couro e com seus grandes bigodes e barbas esperavam na fila de entrada. Deveria ser um bar gay. Nenhuma mulher. Talvez pudesse ser uma casa de prostituição também. Mas quem ficaria na fila para entrar em uma zona?
Meus olhos correram rápido para outra direção. Estava afim mesmo é de encontrar uma banca de jornais. Ler gibis de super-heróis ou não, só observar as capas coloridas e cheias de símbolos. Semiótica total. Ergui as calças e continuei andando. Maldito chiclete eu pensei. Durante uns quatro quarteirões continuei com o maldito grudado em meu tênis esquerdo.
Algumas putas faziam o seu ponto diário na esquina. Alguns carros estacionavam e logo partiam com as garotas. Pessoas sem papo. O cara precisa pagar uma garota para transar. Eu me enforcaria, logo. Um mundo bizarro como esse. Como posso pensar em ter lindos filhos e jogar eles aqui? Queria montar o meu próprio mundo. Cheio de cor e cheiro gostoso, nada de excrementos de cachorro de madame na frente dos meus passos largos. Estava atrasado. O filme da minha esposa ia começar em alguns instantes. Tive tempo de roubar duas flores em dois jardins. Quando ela me viu veio correndo me abraçar. Estava sorrindo e com um saco de pipocas na mão. Sentamos perto da sua família.  O filme iria começar.


Gustavo Ribeiro

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Nas raízes do Delta

A guitarra só acompanha as mãos suadas quase que acabando o show. As mãos negras de um bluesman. Buddy Guy. Sua guitarra branca e creme acompanhando seus anéis e correntes de ouro e sua camisa de seda brilhante.
Os dedos escorregam as casas sem preocupação e nenhuma vergonha. Não sai do lugar, apenas balança as pernas e as mãos, em um sincronismo perfeito. Mais um solo é finalizado com maestria. Uma palheta jogada ao público. Eu tenho a minha guardada em casa. Não precisam acreditar, mas eu tenho.
Os escravos libertos e suas gaitas. A guitarra depois de um trabalhoso dia. Jimmy Hendrix, nascido  Johnny Allen Hendrix em Seattle dia 27 de novembro de 1942 faleceu em Londres em 18 de setembro de 1970 em circunstâncias que nunca foram completamente explicadas. Havia passado parte da noite anterior numa festa, onde a namorada Monika Dannemann o havia buscado, e ambos seguiram para o Hotel Samarkand, no número 22 da Lansdowne Crescent, em Notting Hill.
Na noite anterior,  Hendrix tomou nove comprimidos de um remédio para dormir que a namorada utilizava, segundo o depoimento dela. De acordo com o médico que o atendeu inicialmente, Hendrix tinha se asfixiado (literalmente afogado) em seu próprio vômito, composto principalmente de vinho tinto.
Quando chegou na Inglaterra, diz a lenda, que o seu empresário o levou em um show que estava tendo naquele dia, o Cream de Eric Clapton. Na platéia estavam alguns dos deuses do rock: Mick Jagger, Lennon, Keith Richards e mais alguns outros figurões. No intervalo o empresário de Hendrix, convenceu Clapton que, deixasse o maluco com lenço na cabeça e roupas estravagantes, subisse ao palco e mandasse uma jam. Clapton deixou meio que irônico, saiu dando uma risadinha de desdém.
Quando subiu ao palco, o negro estranho de roupas coloridas, tirou sua guitarra da “bag” surrada e cheia de adesivos com as  cordas todas invertidas. O canhoto recém chegado da América, tirou canções do Cream totalmente modificadas e com outros arranjos. Keith Richards, o guitarrista dos Rolling Stones, virou pro lado e disse para Eric Clapton, “ Cara, eu nunca vi um negro tocar assim”, Clapton com a boca aberta respondeu, “ Eu nunca vi nenhum ser-humano tocando assim”.
Final de tarde no Mississipi. As famílias reunidas para mais um crepúsculo. O sol se pondo. Os tios afinando seus violões. Os sobrinhos mais novos com as gaitas. Hendrix cresceu ouvindo e tocando em rodas de blues. Verdadeiras rodas de blues. Seu primeiro instrumento foi uma gaita que um tio deixou ele tocar quando tinha uns quatro anos de idade. Ficava batendo os pés no meio da roda e seu tio ao perceber ofereceu o seu instrumento. Nascia ali um dos maiores guitarristas de todos os tempos.


Gustavo Ribeiro

quarta-feira, 1 de junho de 2011

30 dicas para você escrever bem

Texto do professor João Pedro - UNICAMP
1. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.
2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.
3. Anule aliterações altamente abusivas.
4. não esqueça as maiúsculas no início das frases.
5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??... então
9. Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa !@#$%&.
10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
11. Evite repetir a mesma palavra pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.
12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: "Quem cita os outros não tem idéias próprias".
13. Frases incompletas podem causar
14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias vezes.
15. Seja mais ou menos específico.
16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!
17. A voz passiva deve ser evitada.
18. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação
19. Quem precisa de perguntas retóricas?
20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
22. Evite mesóclises. Repita comigo: "mesóclises: evitá-Ias-ei!"
23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!
25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da idéia nelas contida e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-Ia nos seus diversos componentes de forma a torná-Ias compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.
27. Seja incisivo e coerente, ou não.
28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambigüidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.
29. Outra barbaridade que tu deves evitar tchê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras, !... nada de mandar esse trem... vixi... entendeu bichinho?
30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá agüentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Crianças

O frio e crianças sorrindo em um circo. Pipoca. Mágico. Malabaristas. Palhaço. Pequenas pessoas gargalhando apenas por estarem ali achei prazeroso. Sentia-me mais comovido a sorrir, quando ouvia alguém que quase caia no chão de tanto sorrir em alto e bom som. Lavei a alma.
Os sons do chicote, das batatas sendo mastigadas. Uma vida sem uma parada fixa. Vida de circense. Paixões. Loucuras.
- Saiam correndo daqui suas crianças desobedientes, gritou o velho ranzinza.
A garotada corria uma de cada lado, gritando, algumas jogando pedras nas janelas das casas com as luzes apagadas. As portas semi-abertas continuavam imóveis. Esperando algo passar por ali. Eu olhei tudo de longe sem acender nenhum cigarro. As crianças sumiram na escuridão. Eu entrei e fui tomar um banho.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Homem na Caixa

O homem na caixa se debatia como se estivesse dentro de uma casca de noz. Seus cabelos encaracolados e loiros se enroscavam nas frestas da pequena caixa de madeira. O garoto de voz rasgada queria se soltar.
Layne Stanley só queria saber como era seu pai. Aos oito anos de idade seus pais se divorciaram, Phil Staley e Nancy McCallum. Layne foi morar com sua mãe e suas irmãs. Na escola era quieto e não falava com muitas pessoas. Nasceu dia 22 de agosto de 1967 em Kirkland, Washington. Em 1987 conheceu e começou a tocar com Jerry Cantrell. Com o movimento grunge de Seattle, o Alice in Chains entra na industria cultural.
Boa parte das suas letras, falavam do seu vício em heroína e da falta que sentia do seu pai. Achava que com a banda, seria mais fácil de encontrá-lo. Teve uma surpresa ao descobrir que seu pai era um junkie também, o que ajudou em sua depressão e fez com que aumentasse o ritmo das drogas. Seu pai ia em ensaios pedir dinheiro para Layne.
A sua jornada no mundo das drogas se alongou à beira do precípicio. Após diversos rumores de suicídio, Layne caiu em depressão profunda após a morte de sua namorada Demri Parrot, vítima de endocardite bacteriana, doença causada pelo uso de drogas injetáveis. Após isso, seus problemas com as drogas só pioraram e Layne acabou sendo encontrado sem vida em seu condomínio, vítima de uma overdose letal de heroína combinada com cocaína (droga conhecida como "speedball") no dia 20 de abril de 2002, seu corpo já estava  entrando em estado de decomposição.
O dia da sua morte foi dado como 5 de abril pela perícia, coincidentemente o mesmo dia da morte de Kurt Cobain, outro ídolo da música grunge. Ao lado de seu corpo foram encontrados diversos tipos de drogas e até mesmo pertences pessoais.
Os dois morreram em Seattle, supostamente no mesmo dia. Vítimas de uma torturosa briga contra seus vícios e sua paranóias pessoais, deixaram um legado de músicas que mudaram uma geração.
Na caixa caída em meus pés, avisto logo de cara o "Facelift" em vinil. Alguém querendo sair de uma gosma. Placenta. Nojenta. Semiótica. Revolta. Silêncio.




Gustavo Ribeiro

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Gigante da montanha amarela

Nos pés inchados duas formigas caminhavam tranquilamente desviando dos dedos cheios de barro. O gigante descansava por ali mesmo, na encosta do mar. Molhava seus pés até a canela na praia de águas azuis.
Tudo tranqüilo para o gigante da montanha amarela. Tinha esse nome, devido a centenas de árvores de laranja e tangerina que circundavam o pé da montanha. Ele corria por todos os lados sem ser incomodado. Amassava algumas poucas vezes alguns bezerros distraídos ou ursos zombeteiros. Não era do tipo violento.
Pra comer se distraía com baleias azuis e pequenas plantações de repolho e às vezes de batata. Andava pelado de lá pra cá. Só não tinha pai nem mãe. Era um solitário. Brincava em sua ilha, porém, só. Não tinha contato com ninguém, não sabia falar. Suas unhas só saiam dos dedos quando por ventura as quebrava. Era uma sujeira de dar dó. Cabelo cumprido até a cintura. Seu cheiro podia se sentir em milhas de distância, mas ele estava muito mais longe do que isso. Estava no meio do mar.
Sem livros, sem música. Quando chovia assoprava e as nuvens saiam fugidas pra nunca mais voltar. Vida sem graça. Nenhuma luz, nenhuma situação mundana. Era só ele e seu mundo ilhado. Sem graça, sem nada, só sal.