O homem na caixa se debatia como se estivesse dentro de uma casca de noz. Seus cabelos encaracolados e loiros se enroscavam nas frestas da pequena caixa de madeira. O garoto de voz rasgada queria se soltar.
Layne Stanley só queria saber como era seu pai. Aos oito anos de idade seus pais se divorciaram, Phil Staley e Nancy McCallum. Layne foi morar com sua mãe e suas irmãs. Na escola era quieto e não falava com muitas pessoas. Nasceu dia 22 de agosto de 1967 em Kirkland, Washington. Em 1987 conheceu e começou a tocar com Jerry Cantrell. Com o movimento grunge de Seattle, o Alice in Chains entra na industria cultural.
Boa parte das suas letras, falavam do seu vício em heroína e da falta que sentia do seu pai. Achava que com a banda, seria mais fácil de encontrá-lo. Teve uma surpresa ao descobrir que seu pai era um junkie também, o que ajudou em sua depressão e fez com que aumentasse o ritmo das drogas. Seu pai ia em ensaios pedir dinheiro para Layne.
A sua jornada no mundo das drogas se alongou à beira do precípicio. Após diversos rumores de suicídio, Layne caiu em depressão profunda após a morte de sua namorada Demri Parrot, vítima de endocardite bacteriana, doença causada pelo uso de drogas injetáveis. Após isso, seus problemas com as drogas só pioraram e Layne acabou sendo encontrado sem vida em seu condomínio, vítima de uma overdose letal de heroína combinada com cocaína (droga conhecida como "speedball") no dia 20 de abril de 2002, seu corpo já estava entrando em estado de decomposição.
O dia da sua morte foi dado como 5 de abril pela perícia, coincidentemente o mesmo dia da morte de Kurt Cobain, outro ídolo da música grunge. Ao lado de seu corpo foram encontrados diversos tipos de drogas e até mesmo pertences pessoais.
Os dois morreram em Seattle, supostamente no mesmo dia. Vítimas de uma torturosa briga contra seus vícios e sua paranóias pessoais, deixaram um legado de músicas que mudaram uma geração.
Na caixa caída em meus pés, avisto logo de cara o "Facelift" em vinil. Alguém querendo sair de uma gosma. Placenta. Nojenta. Semiótica. Revolta. Silêncio.
Gustavo Ribeiro
Esse ser humano nos legou belíssimos frutos cultivados pela introspecção decorrente do desamparo. Um salve eterno ao grunge!
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