segunda-feira, 23 de maio de 2011

Milhas de algodão

Fantasmas se fecham em portas voadoras. Com seu arco de flores flamejantes entre pedaços de estrelas e grandes garotas de inverno, com grãos de baunilha em seus cabelos. Os botões da camisa entre as mãos, despindo-se. Deixando-se  tocar com as pontas finas dos dedos, com  suavidade, como se toca as coxas de uma mulher.
Copos envelhecidos com cheiro de Malte, pensamentos  em  milhas de algodão e sangue poético. Libélulas  parecem bailar no teto  marrom com ventiladores barulhentos e sombrios. O vento acompanha o som que desperta os lobos e faz a lua se apresentar para mais uma noite de estrelas e auroras boreais.
As ruas despertam  a invencibilidade da noite, com seus postes de luzes amarelas e linhas de trem que cortam fileiras e fileiras de casas apagadas e sombrias.  Relógios e janelas parecem olhar por entre a cortina cinza com fitas azuis.
Igrejas com torres e sinos arcaicos, entoam seus poderes divinos e angelicais nos domingos chuvosos do mês de julho.  Folhas caem  fazendo um redemoinho entre os bancos e pássaros da praça celestial central do cemitério.
            Em passos simétricos vestidos em sapatos verdes e emborrachados, vestidos, isqueiros, pernas formosas, belas canções em violões distorcidos fazem o caminho por entre  vagalumes entorpecidos.


Alan Vianni

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