terça-feira, 10 de maio de 2011

EU TAVA LÁ!!

Uma manhã nublada  na grande cidade de São Paulo,  ingrediente básico para uma visita à capital paulista. Na cabeça uma única coisa, conseguir encontrar o lugar onde os shows iriam rolar. O dia nublado me deixava tranqüilo naquela manhã do dia 26 de novembro de 2005. O terminal da Barra Funda continuava sua caminhada para mais uma jornada, quando meu ônibus  do interior acabara de chegar.
Eram umas nove horas, parcialmente encobertas pelas nuvens cinzas de poluição de mais uma madrugada. Tinha sido tragada pela manhã gelada que se estendia com uma leve garoa em minhas costas molhadas. Metro de manhã, algumas milhares de pessoas indo trabalhar, outras  milhares voltando para casa.
Fazendo um pulo de umas seis horas que não importariam a ninguém saber, lembro que fui para a Galeria do Rock, peguei um ônibus até o Parque do Ibirapuera e tive que encontrar na raça onde ficava a casa de um amigo, Rafael Calil, que semanas antes tinha colocado um bife para fritar, partiu pra um cochilo, resultado quase colocou fogo no prédio inteiro.
Quando o show dos Stooges começou, uma legião de garotos estavam nos ombros dos pais, que se espremiam no meio daquela multidão de quase 25 mil pessoas para ver o padrinho do punk-rock. James Newell Osterberg, mais conhecido como Iggy Pop, subiu ao palco com uma calça jeans feminina, única coisa que ele pediu para a produção do evento ( os Good Charlote, pediram toalhas de seda, travesseiros e blá, blá blá) e ficou a semana inteira no Brasil com a mesma roupa.
Eu não conhecia ainda tão bem e mal sabia a importância que tinha aquele coroa com seus 60 anos de idade, para o mundo do ROCKANDROLL, o quarteto de Detroit, com a mesma formação, que há trinta anos, tocou seus primeiros acordes, pude sentir na pele o que foi aquilo em 1969, com a Guerra do Vietnã, os hippies em São Francisco, The Doors em Los Angeles.
Os gritos que Iggy soltava ecoava por toda aquela multidão de pessoas, que compartilhavam um dos melhores presentes que todos que estavam ali poderiam ganhar.  
O cara mais intocável do punk, no começo da carreira, ele subiu nos palcos com o corpo todo coberto de pasta de amendoin, alguma garota subiu no palco e tocou nele, o show acabou no mesmo instante, então o jovem Iggy, revoltado com tudo, e com todas as misturas de drogas possíveis na cabeça, surtou e a banda teve que parar de tocar para não arrumarem mais problemas.
No Brasil ele foi mais afável, quando um punk invadiu a barreira dos seguranças e conseguiu chegar perto de seu ídolo, outros dois seguranças do palco, pegaram o infeliz e o jogaram de uma altura de uns três metros.
O líder dos Stooges, esperou acabar a música e chegou bem perto do cara que fez isso, um grandalhão de uns dois por dois e começou a gritar para ele, quando se virou para o público e mandou toda aquela multidão subir para perto da banda. Não deu outra.
Eles começaram tocar uma música que falava da morte dos rock stars,  "Dead Rock Star", e Iggy estava sentado no meio daqueles 60 malucos, que ele trinta anos atrás, sairia chutando todo mundo. Pegaram palhetas, puxaram seu cabelo pulavam loucos com baquetas nas mãos, troféus estes que seriam valiosos para o resto de suas vidas.
O show já tinha passado de uma hora, os sexagenários senhores punks resolvem fazer uma reprise e tornam a tocar "I wanna be your dog", o lugar quase veio a baixo, mas a harmonia era tão forte que nem a garoa gelada da noite paulistana deixou nada de ruim acontecer.
Naquele dia eu queria saber onde que o Iggy e os Stooges iriam depois daquele show, ainda teria um show do Fantômas para assistir naquela noite,  mas esse fica para outro dia. I SEE YA!
SET LIST:


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