sábado, 14 de maio de 2011

Ruas e salas

A noite chega como a batucada que se aproxima para mais um fim carnavalesco, não gosto muito do carnaval, confesso, prefiro os dias nublados com um blues entoando nas caixas estéreos que meus avôs compraram na feira passada. Transbordo aquele liquido vermelho pelo copo empoeirado, deixado há dias em minha escrivaninha um pouco organizada.

Aquela família não grita mais a noite, será que a viajem irá demorar, ou apenas só alguns dias de sossego em minha velha poltrona vendo tudo se carnavalizar em uma caixa preta? Pego minha jaqueta, à noite esta fria e chuvosa. Vou rumo à porta, pego minha felicidade “enlatada”,  saio rumo às ruas, tomadas por gotas de chuva e cheiro de asfalto molhado.

            A passos largos me locomovo, com algum tipo de ruído estranho, as árvores balançam como em um filme de outono, flores se aglomeram nas encostas das calçadas, formando um lindo carrossel, minhas mãos logo se encaminham para os bolsos quentes e confortáveis daquela jaqueta com ar inglesa. Subo, desço, viro minhas pernas não param mais, são ruas e ruas de solidão, gargalhadas e amores em série. Nada existe além do brilho e quietude da noite.

No silêncio, acendo aquele cigarro para me fazer companhia junto com aquela madrugada. A rua parece ter sido tomada pela neblina que encobre os sonhos e pesadelos. O vento abre as janelas, mas nenhum ser se pôs a entrar nas casas velhas e abandonadas, meus pés já sabem o momento certo de parar. Entro em uma espécie de bar com uma grande placa luminosa dizendo “No silencio da sala”.




Alan Vianni

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