segunda-feira, 30 de maio de 2011

Crianças

O frio e crianças sorrindo em um circo. Pipoca. Mágico. Malabaristas. Palhaço. Pequenas pessoas gargalhando apenas por estarem ali achei prazeroso. Sentia-me mais comovido a sorrir, quando ouvia alguém que quase caia no chão de tanto sorrir em alto e bom som. Lavei a alma.
Os sons do chicote, das batatas sendo mastigadas. Uma vida sem uma parada fixa. Vida de circense. Paixões. Loucuras.
- Saiam correndo daqui suas crianças desobedientes, gritou o velho ranzinza.
A garotada corria uma de cada lado, gritando, algumas jogando pedras nas janelas das casas com as luzes apagadas. As portas semi-abertas continuavam imóveis. Esperando algo passar por ali. Eu olhei tudo de longe sem acender nenhum cigarro. As crianças sumiram na escuridão. Eu entrei e fui tomar um banho.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Homem na Caixa

O homem na caixa se debatia como se estivesse dentro de uma casca de noz. Seus cabelos encaracolados e loiros se enroscavam nas frestas da pequena caixa de madeira. O garoto de voz rasgada queria se soltar.
Layne Stanley só queria saber como era seu pai. Aos oito anos de idade seus pais se divorciaram, Phil Staley e Nancy McCallum. Layne foi morar com sua mãe e suas irmãs. Na escola era quieto e não falava com muitas pessoas. Nasceu dia 22 de agosto de 1967 em Kirkland, Washington. Em 1987 conheceu e começou a tocar com Jerry Cantrell. Com o movimento grunge de Seattle, o Alice in Chains entra na industria cultural.
Boa parte das suas letras, falavam do seu vício em heroína e da falta que sentia do seu pai. Achava que com a banda, seria mais fácil de encontrá-lo. Teve uma surpresa ao descobrir que seu pai era um junkie também, o que ajudou em sua depressão e fez com que aumentasse o ritmo das drogas. Seu pai ia em ensaios pedir dinheiro para Layne.
A sua jornada no mundo das drogas se alongou à beira do precípicio. Após diversos rumores de suicídio, Layne caiu em depressão profunda após a morte de sua namorada Demri Parrot, vítima de endocardite bacteriana, doença causada pelo uso de drogas injetáveis. Após isso, seus problemas com as drogas só pioraram e Layne acabou sendo encontrado sem vida em seu condomínio, vítima de uma overdose letal de heroína combinada com cocaína (droga conhecida como "speedball") no dia 20 de abril de 2002, seu corpo já estava  entrando em estado de decomposição.
O dia da sua morte foi dado como 5 de abril pela perícia, coincidentemente o mesmo dia da morte de Kurt Cobain, outro ídolo da música grunge. Ao lado de seu corpo foram encontrados diversos tipos de drogas e até mesmo pertences pessoais.
Os dois morreram em Seattle, supostamente no mesmo dia. Vítimas de uma torturosa briga contra seus vícios e sua paranóias pessoais, deixaram um legado de músicas que mudaram uma geração.
Na caixa caída em meus pés, avisto logo de cara o "Facelift" em vinil. Alguém querendo sair de uma gosma. Placenta. Nojenta. Semiótica. Revolta. Silêncio.




Gustavo Ribeiro

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Gigante da montanha amarela

Nos pés inchados duas formigas caminhavam tranquilamente desviando dos dedos cheios de barro. O gigante descansava por ali mesmo, na encosta do mar. Molhava seus pés até a canela na praia de águas azuis.
Tudo tranqüilo para o gigante da montanha amarela. Tinha esse nome, devido a centenas de árvores de laranja e tangerina que circundavam o pé da montanha. Ele corria por todos os lados sem ser incomodado. Amassava algumas poucas vezes alguns bezerros distraídos ou ursos zombeteiros. Não era do tipo violento.
Pra comer se distraía com baleias azuis e pequenas plantações de repolho e às vezes de batata. Andava pelado de lá pra cá. Só não tinha pai nem mãe. Era um solitário. Brincava em sua ilha, porém, só. Não tinha contato com ninguém, não sabia falar. Suas unhas só saiam dos dedos quando por ventura as quebrava. Era uma sujeira de dar dó. Cabelo cumprido até a cintura. Seu cheiro podia se sentir em milhas de distância, mas ele estava muito mais longe do que isso. Estava no meio do mar.
Sem livros, sem música. Quando chovia assoprava e as nuvens saiam fugidas pra nunca mais voltar. Vida sem graça. Nenhuma luz, nenhuma situação mundana. Era só ele e seu mundo ilhado. Sem graça, sem nada, só sal.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A noiva a corda e o banco

Não ao batuque, quero saber de distorção. Meus sentidos se misturam. Dor de cabeça, vinagre, cebola e sal. Todos os mamelucos na porta da igreja. E a noiva pendurada com uma corda no pescoço. Pobre garota. Descobriu ter sido violentada por seu próprio pai enquanto dormia bêbada após sua despedida de solteira.
Na escola, ridicularizava as crianças mais pobres, as bolsistas. Saia gritando e espalhando o terror no meio das adolescentes cheias de maquiagem. Na praça, chutava o monte de folhas das senhoras que por ali limpavam todo santo dia.
Do pai se orgulhava. Ganhou um carro ao completar dezessete anos. Cantava pneu em frente aos bares cheios de pedreiros e garis da pequena cidade. Revirava os baús da sem-vergonhice. Roubavam da mãe algumas jóias que seriam trocadas por doses de heroína. Saia correndo com sua amiga e vizinha.
Foi na Europa onde conheceu seu futuro marido. Negro, alto, inglês. Foi na contramão da via. Seu pai não gostava muito disso. Sabia que tinha que castigá-la. Foi muita audácia de sua parte, ele gritava enquanto  corria com seu veículo importado de 320 cavalos.
Sua filha merecia uma lição. Bebeu muito aquele dia. Enxugou duas garrafas de uísque com seu melhor amigo em qualquer bar da região sul de São Paulo. Ao sair da garagem raspou a porta. Cuspiu e gritou com o cobrador.
Chegou em sua casa bêbado, encontrou alguém nu deitado no sofá da sala. Ao desabotoar a camisa ouviu um gemido. Sua filha acabou de vomitar dois pedaços de kiwi. Tirou o paletó e subiu sobre a filha embriagada e a estuprou. Foi dormir mas não vestiu os sapatos.
A empregada contou para a noiva tudo que viu na noite anterior, querendo tirar algum trocado da moça que nem sabia de nada. a sensação de ancia de vômito encheu sua boca. Vomitou. Uma corda e um banco foram suficientes. Ela iria se matar.


Gustavo Ribeiro

terça-feira, 24 de maio de 2011

Suspenso

Em um barco, desço a corredeira em direção à grande cachoeira. Pernas cansadas, punhos cortados. Meu cabelo parece despenteado. Minhas unhas cheias de tinta preta. As luzes da margem do rio acenderam. Todos os outros pássaros se encostam a seus galhos. A correnteza começa a ficar mais forte.
Com as mãos amarradas com uma corda, nada posso fazer enquanto o barco começa a pegar velocidade. Qualquer pedra no curso do rio, fez com que o barco desse um grande salto. Meu espírito de loucura se ajoelha diante dos seus delírios anarquistas. Um pequeno furo começa a encher o barco. Situações.
A Lua cheia me observa de longe. Cometas, nebulosas, buracos negros, meteoritos, distinto. Na beira da cachoeira o barco pára. Eu respiro e olho em volta. Não tinha mais corda.


Gustavo Ribeiro

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Milhas de algodão

Fantasmas se fecham em portas voadoras. Com seu arco de flores flamejantes entre pedaços de estrelas e grandes garotas de inverno, com grãos de baunilha em seus cabelos. Os botões da camisa entre as mãos, despindo-se. Deixando-se  tocar com as pontas finas dos dedos, com  suavidade, como se toca as coxas de uma mulher.
Copos envelhecidos com cheiro de Malte, pensamentos  em  milhas de algodão e sangue poético. Libélulas  parecem bailar no teto  marrom com ventiladores barulhentos e sombrios. O vento acompanha o som que desperta os lobos e faz a lua se apresentar para mais uma noite de estrelas e auroras boreais.
As ruas despertam  a invencibilidade da noite, com seus postes de luzes amarelas e linhas de trem que cortam fileiras e fileiras de casas apagadas e sombrias.  Relógios e janelas parecem olhar por entre a cortina cinza com fitas azuis.
Igrejas com torres e sinos arcaicos, entoam seus poderes divinos e angelicais nos domingos chuvosos do mês de julho.  Folhas caem  fazendo um redemoinho entre os bancos e pássaros da praça celestial central do cemitério.
            Em passos simétricos vestidos em sapatos verdes e emborrachados, vestidos, isqueiros, pernas formosas, belas canções em violões distorcidos fazem o caminho por entre  vagalumes entorpecidos.


Alan Vianni

sábado, 21 de maio de 2011

Final de semana!

Por hoje nada. vamos descansar e colocar os papos em dia! segunda-feira tem mais. I SEE YA!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Delta Blues

No começo da madrugada me sinto perseguido por um lobo faminto. Coloco o capuz e ajeito as calças. O frio das noites é uma benção para meu espírito criador. Penso mais no frio. Penso em arte. Sigo cuspindo as ideais vagas, pego meu caderninho e ponho na mochila. Uma caneta preta, não falta.
No cheiro da tinta me criei, ficava observando meu pai pintar um mesmo quadro inúmeras vezes. Pintava e jogava tinta em cima. Meus ouvidos acostumados com Rolling Stones deixavam meus olhos só prestarem atenção nos detalhes da pintura. Tinta e música em volume agradável. Comecei ai a escutar também  Jazz e Blues. Robert Johnson debruçava na mesa branca  de desenho do meu pai.  Johnson vendeu sua alma ao diabo na encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississippi. Estava  com seu violão e uma garrafa de whisky, quando ouviu um bend escandaloso de uma gaita cromada, era o diabo.
Eu ficava ouvindo suas treze canções várias vezes ao dia. No espaço reservado para a pintura, me sentava na frente de uma tela em branco e por ali ficava espiando ou vislumbrando como ela poderia ficar cheia de tinta. Tinta látex. Eu e meu banco de madeira. Cheio de tinta no tênis.


Gustavo Ribeiro

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Rascunhos de um sonho

 Sua jornada começou na varanda da casa de Dale Crover, onde dormia dentro de uma caixa de geladeira.  Depois, Kurt Cobain foi morar na van de um amigo em Aberdeen, na época que o Nirvana ainda não tinha este nome. O nome do amigo dele era Buzz Osborne, vocalista e guitarrista do Melvins.  Quando fez a música “Something in the Way”, Kurt anunciava para o mundo que tinha morado em baixo de uma ponte das barrentas margens do  rio Wishkah. Ficava vagando da  "MelvAN", (como era chamada a van dos Melvins) algumas vezes ia ao  Hospital Comunitário de Grays Harbor, que há 16 anos tinha nascido. Fingia que estava esperando alguém e dormia ali mesmo na sala de espera.
Quando conseguiu fazer um teste com os Melvins, Kurt levou sua guitarra, mas se apavorou na jam session, não dando motivos para ele se tornar um membro da banda. O garoto queria mais. Montou uma demo, gravada na casa de sua tia Mari, com um amigo na bateria. Essa fita caiu nas mãos de Krist Novoselic, (ele trabalhava em uma lanchonete na época) que ao ouvir a música “Spank Thru”, decidiu que queria formar uma banda com aquele maluco.
Fecal Matter, foi o primeiro nome que o Nirvana teve.
Cobain andava de capa de chuva quando estava um calor de 30 graus. Ficava o dia inteiro com sua guitarra no sótão da casa de sua mãe Wendy,  antes de sair para morar por vários lugares. Ficava na casa do pai Donald Cobain, da mãe, dos tios. Certa vez dividiu a casa com um integrante do Melvins, o baixista Matt Lukin. Ele tinha um rato de estimação, se chamava Kitty, ganhou da ex-namorada Tracy Marander.
Um antigo baterista da banda, chegou com ressaca em um ensaio do protótipo do Nirvana, ele o expulsou. Era muito sério em relação a isso. Tinha gasto parte de sua vida estudando e compondo, não abria espaços para bagunça.
Quando tinha quatorze anos de idade, sozinho começou a fazer curtas, com uma câmera super-8 que emprestou do seu pai. No filme, alienígenas (interpretados com figuras que Kurt modelou com argila) aterrisavam na casa dos Cobain. Tinha quatorze anos, quando ganhou a primeira guitarra de um tio doidão, que tinha uma banda na década de setenta. Nessa mesma época, estava indo para escola, com um amigo, quando encontraram o irmão desse amigo enforcado em uma árvore. Na escola todos estavam preocupados com o sumiço  das duas crianças. Encontraram os dois sentados na frente do corpo que balançava com o vento gelado de Aberdeen.

Costumava pedir para um cara que comprasse bebidas para ele quando ainda não tinha a maioridade. Esse cara tinha uns duzentos quilos. Kurt ia com um carrinho de compras buscá-lo em casa, levava-o até o supermercado (dentro do carrinho) e depois o trazia de volta. Sua banda preferida era o “Melvins”, e foi o primeiro concerto punk que ele assistiu no verão de 1983, em Montesano no estacionamento atrás do supermercado que o guitarrista e empacotador Roger "Buzz" Osborne trabalhava. 
Kurt espalhava em suas diversas entrevistas dadas ao longo de sua carreira meteórica, que conseguiu sua primeira guitarra, após pescar os rifles de seu padrasto. Wendy, após uma briga com o namorado, jogou no rio Wishkah. Na verdade, ele realmente as pescou, com a ajuda de dois amigos e comprou um amplificador Fender Deluxe com o dinheiro das armas. Kurt jamais deixava que alguém introduzisse a verdade para atrapalhar uma boa história. 
Kurt Donald Cobain, cheio de maluquices, mas foi um gênio, talvez incompreendido, talvez mal observado. Nos resta agora escutar o que deixou gravado, e respeitar o fato que ele e sua banda mostraram um novo caminho para as bandas independentes do mundo todo. Desde sua infância conturbada, à sua adolescência cheia de tortuosos momentos, até sua morte inesperada, o último messias do rockandroll.
Meus olhos ardem e consigo respirar melhor. O sonho acabou. Tomo um copo com leite e saio colocando a blusa nos braços. Meu ônibus está para chegar.



fonte: "Heavier than heaven"   ("Mais pesado que o céu") 
Charles R. Cross
editora Globo
    
Gustavo Ribeiro


quarta-feira, 18 de maio de 2011

NEBULOSA

A gravidade me suspende

Um passo largo joga meu corpo ao infinito

No escuro vejo uma estrela que brilha

Junto à poeira cósmica meu corpo flutua nu

O sintetizador ecoa seus efeitos

Meus ouvidos enxugam as vibrações




Gustavo Ribeiro

ANDARILHO

Em dias que não se tem nada para escrever, dias  inexistentes, falta de inspiração, baboseira. Mas o que eu escreverei agora? O que me pega pelo laço no momento em que tenho uma vontade de acender um cigarro?
Barulhos entram em meus ouvidos sem serem anunciados. Ruídos que não quero ouvir. Uma invasão do meu sentido auditivo. Um estupro! Andando pelas ruas os carros passam com seus alto-falantes estourados, me criando momentos de insatisfação. Buzinas em sinais, pneus que derrapam, caminhões e motos tão barulhentos. Civilização maldita.
No meio do quarteirão, um garoto passou correndo com o joelho sangrando. Não gritava nem reclamava de nada. Nas minhas pegadas que iam sendo deixadas, fazia o contratempo de mais algumas outras canções da minha cabeça.  Desafinadas.
O tempo demora em passar e não saberia  escrever mais nada depois disto. No prefácio de “Don Quijote de la Mancha”,  Miguel de Cervantes (1547-1616), escreveu que amassava dezenas de folhas antes de conseguir alguma coisa que prestasse. Não sou nenhum Cervantes! Hoje deleto centenas de vezes textos que não me servirão em nada. Malditos escritores.
Olho em volta e nada vejo de interessante. No primeiro ano de faculdade a professora nos pediu para sair e fazer uma matéria com alguma situação ou com alguém. Lembro que sai e não fiz nada. Fiquei em um buteco tomando uma cerveja ao invés de sair e procurar uma matéria. Na minha cabeça ninguém era importante o suficiente para eu fazer uma entrevista.
Naquele mesmo dia, depois da aula encontrei um morador de rua na praça, tive uma conversa de uns trinta minutos com ele. Falava com o português correto. Tinha sido preso. Me renderia no mínimo duas páginas. Com o tempo fui descobrindo que todos rendem centenas de histórias boas. Cada um. Do mendigo ao arcebispo. Prefiro os mendigos. São mais honestos.
Continuo andando por aí, observando quase tudo. Mentalizando crônicas e sustentando as notas distorcidas das lambretas que passam acelerando ao meu lado. Do resto, vou dar uma descida na gruta, respirar o cheiro do mato, ouvir os pássaros da tarde e observar a poluição no rio Tietê. Junto com Dom Quixote o cavaleiro andante e seu cavalo Rocinante.
Gustavo Ribeiro

ZZZZZZZZZZZZZ !

Como fugir da conformidade polida e cínica das pessoas que nos cercam diariamente? Entre um trago ou outro fico apenas observando o andar triste das madres que procuram um bom lugar na sombra para descansar. Meus ouvidos começam a sentir um chiado. Meus discos não emitem tanto. Barulhos de manhã.
O meu despertador está com uma música de uma banda que eu curto, Sublime. Hoje estava no meio de um sonho gostoso quando começou a tocar aquela canção. Tinha que me levantar, meu dia ia se tornar comum de novo.
Olhei para minhas coisas, duas fotos um quadro e alguns discos, queria tanto estar ali só. Me sentar para ouvir música, um prazer magnífico. Sentado ou em pé. O prazer de você pegar o disco, olhar em cada espaço da capa e contracapa. Sentir o cheiro do papelão, do plástico, do vinil, do velho. Sentido. O prazer de dar sentido as pequenas coisas.
No mundo atual, não se tem o prazer físico de ouvir música, se é que isso exista. Em um pen-drive, conseguimos guardar enormes coleções, discografias completas das bandas prediletas, mas o prazer da busca se perde. Nada como achar em um sebo um disco que você ouvia quando estava engatinhando na sala atrás de diversão. Led Zeppelin, bruxos disfarçados de músicos.  
O sentido da admiração, a fuga onírica da realidade. Só se encontra liberdade na arte, na criação, em sentar para ouvir música, ou não existe liberdade. Presos em uma rede de situações chatas estamos todos. Fico sem pensar por dois minutos e tudo que eu via parece explodir. Abra os olhos. Sinta a natureza. Olhem o pôr do sol antes que ele vá embora.


Gustavo Ribeiro

terça-feira, 17 de maio de 2011

DESASTRE DE ESTRELAS


Nesta mesma rua escura, com centenas de postes desabitados de luz e aqueles pequenos jacarés não paravam de me rodear. Naquele trágico dia em que tudo se voltou para minha mente, não consegui ver seus olhos de serpentina brilhante.

Sinto-me um velho milionário, em visita ao inferno dos desejos. Sinto-me um velho milionário perdido nas maravilhas de Alice. Vamos caminhando para o abismo encantado de alucinações e ver as belezas selvagens que lá se encontram.

Com meus dólares e centavos, pago aquela pessoa blasé do empoeirado e monótono bar esquizofrênico da esquina sete. Vamos lá, vamos lá, ver se aquele vaso está com as nossas cinzas do século. Sequestrarei a lua e pintarei estrelas em forma de cadencia para seu lindo céu de furacões e baunilha.


Alan Vianni

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O garoto que parecia um líder de banda

As manhãs de segunda-feira são tão engraçadas. As pessoas não gostam. Mais um dia, isso me basta para querer viver cada segundo. O sol não esquentava tão bem a pequena cidade cheia de paralelepípedos. Meus olhos acostumavam com a claridade que começa a penetrar a janela do quarto. A gelada brisa do começo do outono faz com que procure logo uma camisa para me esquentar.
O toca-discos estava pronto com o LP do Radiohead na agulha. Algumas músicas para animar um lindo dia nublado. A noite passada tinha sido gelada com a lua vigiando quase cheia, quase. As cinco caixas conectadas faziam uma audição perfeita em meu quarto azul. E as estrelas de longe ouviam em silêncio.
O que sua mente suja está pensando agora?
De volta ao mundo terreno, subi ao trabalho pelas mesmas ruas estreitas de outros dias. As senhoras varrendo suas calçadas. Homens com sapatos lustrados indo na padaria logo que voltarem do banco. As ruas continuam sendo minhas. Geladas e cinzas.


Quando me aproximava do prédio em que trabalho, uma criança estava sentada no chão da calçada brincando com seu carrinho, me olhou e ficou parado me observando enquanto chegava perto dele. Os olhos iguais ao do Thom Yorke, vocalista e guitarrista do Radiohead, banda inglesa do inicio dos anos noventa.
Thomas Edward, mais conhecido como Thom Yorke, nascido em 1968, com o olho esquerdo paralisado. Guitarrista, pianista e compositor. Ele é líder de uma das bandas mais respeitadas da atualidade.
O garoto me olhou atravessar a rua, ele nem sabe de nada ainda. Fiquei pensando em como ele poderia ser daqui uns vinte anos, com uma guitarra nas mãos e criando canções para as gerações futuras ou o mundo vai o tragar em seu redemoinho nefasto ?


Thom Yorke os irmãos Collin (baixo e sintetizador) e Jonny Greenwood (guitarra) junto com Ed´Obrien (guitarra) e Phill Selway (bateria e percussão), misturam música eletrônica com rock alternativo, misturado com letras e riffs que beiram a perfeição. O primeiro single da banda foi “Creep” em 1992 e o primeiro album foi lançado em 1993 e se chama “Pablo Honey”.
Com o segundo álbum de estúdio, “The bends”, (1995) a banda inglesa ganhou notoriedade na cena musical, emplacando sucessos como:  High and Dry", "Fake Plastic Trees" e "My Iron Lung”. Em 1997 foi lançado o terceiro, aclamado pela critica e pelos fãs, dando projeção mundial à banda inglesa. “Ok Computer”, está em todas as revistas especializadas de música como um dos melhores albuns gravados na história do rockandroll. O álbum traz  sucessos como “ Paranoid Android”, “Lucky”, ‘Karma Police’ e “No surprises”.
Com o quarto e quinto, Kid A (2000) e Amnesiac  (2001), a banda começou a brincar com elementos e sonoridades eletrônicas, deixando em segundo plano os componentes básicos do rockandroll (guitarra, bateria e contra-baixo).
Em “Hail to the Thief”(2003), sexto álbum de estúdio, Yorke e seus companheiros, misturaram tudo que a banda fez em seus trabalhos anteriores, como as guitarras distorcidas, música electrônica e letras contemporâneas.


Em 2007, cinco anos sem nenhum trabalho novo e depois de romperem o contrato com a gravadora Emi, a banda inova e lança seu sétimo álbum, “In Rainbows”, que só estava disponivel para donwload digital e deixa os compradores escolherem o preço que iriam pagar causando um alvoroço na indústria músical. “Jigsaw Falling into Place” foi o primeiro single do álbum. “Nude” foi o segundo single do disco e era tocada ao vivo desde 1997 mas só foi entrar em um disco dez anos mais tarde.



Em 2011 o Radiohead termina seu oitavo Long Play. O álbum se chama ‘King of Limbs”, e já na primeira semana estava entre os discos mais baixados da internet. O vídeo da música “Lotus Flower”, o primeiro single do disco, foi lançado em 18 de Fevereiro e apresenta um filme em preto e branco do vocalista Thom Yorke dançando. O vídeo foi dirigido por Garth Jennings e coreografado por Wayne McGregor foi colocado no canal oficial no Youtube da banda,  um dia antes das músicas estarem disponiveis para download.

Voltando ao mundo real, estava ouvindo “Codex” do “King of Limbs” quando encontro o garoto com o mesmo olhar do Thom Yorke. Pequeno. Loiro. Me olhou quase que pedindo para eu formar uma banda com ele. O que será dele daqui uns vinte anos? Não sei, ninguém saberá. Não sabemos de nada que está por vir. Esse é o grande prazer da vida. A dúvida, sem elas não estariamos aqui agora, cheio de ferramentas modernas de comunicação. Ao garoto, ouço um som e bebo mais um copo com água.



Gustavo Ribeiro
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sábado, 14 de maio de 2011

Ruas e salas

A noite chega como a batucada que se aproxima para mais um fim carnavalesco, não gosto muito do carnaval, confesso, prefiro os dias nublados com um blues entoando nas caixas estéreos que meus avôs compraram na feira passada. Transbordo aquele liquido vermelho pelo copo empoeirado, deixado há dias em minha escrivaninha um pouco organizada.

Aquela família não grita mais a noite, será que a viajem irá demorar, ou apenas só alguns dias de sossego em minha velha poltrona vendo tudo se carnavalizar em uma caixa preta? Pego minha jaqueta, à noite esta fria e chuvosa. Vou rumo à porta, pego minha felicidade “enlatada”,  saio rumo às ruas, tomadas por gotas de chuva e cheiro de asfalto molhado.

            A passos largos me locomovo, com algum tipo de ruído estranho, as árvores balançam como em um filme de outono, flores se aglomeram nas encostas das calçadas, formando um lindo carrossel, minhas mãos logo se encaminham para os bolsos quentes e confortáveis daquela jaqueta com ar inglesa. Subo, desço, viro minhas pernas não param mais, são ruas e ruas de solidão, gargalhadas e amores em série. Nada existe além do brilho e quietude da noite.

No silêncio, acendo aquele cigarro para me fazer companhia junto com aquela madrugada. A rua parece ter sido tomada pela neblina que encobre os sonhos e pesadelos. O vento abre as janelas, mas nenhum ser se pôs a entrar nas casas velhas e abandonadas, meus pés já sabem o momento certo de parar. Entro em uma espécie de bar com uma grande placa luminosa dizendo “No silencio da sala”.




Alan Vianni

sexta-feira, 13 de maio de 2011

JOELHO ESFOLADO

O silêncio chega perto da porta. Os pássaros começam a voar sem pretensão. Fogem de alguma coisa. O vento encosta suavemente a janela de madeira do antigo casarão. A escuridão começa a tomar conta do quarto que outrora servia de aposento para um bondoso rei. Seu nome era Limbs.
Nas manhãs de sábado, costumava descer de seu aposento real para ir até o jardim de verão do castelo. Ali ele pintava e escrevia sempre com um copo de absinto na mão. Seu mundo colorido tomava conta das manifestações artísticas. Cavalos alados. Dragões com seis cabeças. Rituais profanos de culto à natureza. Limbs era um mago.
Sua flor de lótus brotava aos domingos e seu codex permanecia intocado. O senhor Magpie, trazia no mesmo horário suas bolachas de leite e uma xícara de chá. Confinados em uma caixa de madeira, seu pequeno mundo o deixava tranqüilo.
Disco voador. Amarelo. Isopor. Caixa de tintas. Esquinas. Desorganizador. Lucidez.  Alquimia. Robotiza dor.  Na parede pintada de azul, desenhos em branco. Na parede pintada de branco, desenhos em vermelho. Seu mundo torto começa a sacudir.
O garoto corria desesperadamente com sua caixa dentro da mochila. Só parava quando os carros freavam para não o acertar. Sua escola ficava mais quatro quarteirões para esquerda. Ele iria se atrasar. Suas pernas estavam cansadas. Respiração ofegante. O cadarço desamarra. Olhando para o céu respira fundo e levanta. Um fio de sangue começa a descer pelo joelho esquerdo  esfolado.
Ao chegar à frente da escola, subiu com pressa os últimos degraus. O corredor cheiroso e brilhante fazia seus sapatos deslizarem com suavidade . Ao encontrar a sala número cinco, entra sem ser anunciado e senta em uma cadeira vazia no começa da fila. O sinal toca. Ele abre o caderno e assiste a professora de costas escrever no quadro negro. Ele deseja ser médico.
Gustavo Ribeiro

terça-feira, 10 de maio de 2011

EU TAVA LÁ!!

Uma manhã nublada  na grande cidade de São Paulo,  ingrediente básico para uma visita à capital paulista. Na cabeça uma única coisa, conseguir encontrar o lugar onde os shows iriam rolar. O dia nublado me deixava tranqüilo naquela manhã do dia 26 de novembro de 2005. O terminal da Barra Funda continuava sua caminhada para mais uma jornada, quando meu ônibus  do interior acabara de chegar.
Eram umas nove horas, parcialmente encobertas pelas nuvens cinzas de poluição de mais uma madrugada. Tinha sido tragada pela manhã gelada que se estendia com uma leve garoa em minhas costas molhadas. Metro de manhã, algumas milhares de pessoas indo trabalhar, outras  milhares voltando para casa.
Fazendo um pulo de umas seis horas que não importariam a ninguém saber, lembro que fui para a Galeria do Rock, peguei um ônibus até o Parque do Ibirapuera e tive que encontrar na raça onde ficava a casa de um amigo, Rafael Calil, que semanas antes tinha colocado um bife para fritar, partiu pra um cochilo, resultado quase colocou fogo no prédio inteiro.
Quando o show dos Stooges começou, uma legião de garotos estavam nos ombros dos pais, que se espremiam no meio daquela multidão de quase 25 mil pessoas para ver o padrinho do punk-rock. James Newell Osterberg, mais conhecido como Iggy Pop, subiu ao palco com uma calça jeans feminina, única coisa que ele pediu para a produção do evento ( os Good Charlote, pediram toalhas de seda, travesseiros e blá, blá blá) e ficou a semana inteira no Brasil com a mesma roupa.
Eu não conhecia ainda tão bem e mal sabia a importância que tinha aquele coroa com seus 60 anos de idade, para o mundo do ROCKANDROLL, o quarteto de Detroit, com a mesma formação, que há trinta anos, tocou seus primeiros acordes, pude sentir na pele o que foi aquilo em 1969, com a Guerra do Vietnã, os hippies em São Francisco, The Doors em Los Angeles.
Os gritos que Iggy soltava ecoava por toda aquela multidão de pessoas, que compartilhavam um dos melhores presentes que todos que estavam ali poderiam ganhar.  
O cara mais intocável do punk, no começo da carreira, ele subiu nos palcos com o corpo todo coberto de pasta de amendoin, alguma garota subiu no palco e tocou nele, o show acabou no mesmo instante, então o jovem Iggy, revoltado com tudo, e com todas as misturas de drogas possíveis na cabeça, surtou e a banda teve que parar de tocar para não arrumarem mais problemas.
No Brasil ele foi mais afável, quando um punk invadiu a barreira dos seguranças e conseguiu chegar perto de seu ídolo, outros dois seguranças do palco, pegaram o infeliz e o jogaram de uma altura de uns três metros.
O líder dos Stooges, esperou acabar a música e chegou bem perto do cara que fez isso, um grandalhão de uns dois por dois e começou a gritar para ele, quando se virou para o público e mandou toda aquela multidão subir para perto da banda. Não deu outra.
Eles começaram tocar uma música que falava da morte dos rock stars,  "Dead Rock Star", e Iggy estava sentado no meio daqueles 60 malucos, que ele trinta anos atrás, sairia chutando todo mundo. Pegaram palhetas, puxaram seu cabelo pulavam loucos com baquetas nas mãos, troféus estes que seriam valiosos para o resto de suas vidas.
O show já tinha passado de uma hora, os sexagenários senhores punks resolvem fazer uma reprise e tornam a tocar "I wanna be your dog", o lugar quase veio a baixo, mas a harmonia era tão forte que nem a garoa gelada da noite paulistana deixou nada de ruim acontecer.
Naquele dia eu queria saber onde que o Iggy e os Stooges iriam depois daquele show, ainda teria um show do Fantômas para assistir naquela noite,  mas esse fica para outro dia. I SEE YA!
SET LIST:


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Elevador de Suco

“A fumaça sobe ao teto, mãos elevam copos enfeitados à mãos pintadas de vermelho. Arranha céus elaboram arquiteturas góticas, sofás sentam os corpos suados e embriagados. Sirenes expulsam desejos e misteriosas vozes formam melodias sonoras aos ouvidos inocentes.
Parados com All-Star em sacadas contemporâneas, a neblina cobre o xadrez da Rua Augusta, pássaros cantam às 3 da manhã. O líquido vermelho pendurado em copos plásticos fabricados por mãos agonizantes.
As ruas se estreitam em calçadas e esquinas sombrias, faróis vermelhos passam ao pulsar de um coração gelado. Raios iluminam a noite fechada por nuvens e pecados, a caixa estéreo então, a dança de almas e beijos desejados . “

Alan Vianni

Sessão Long Play: Bleach

No final dos anos oitenta uma banda despontava nos arredores de Seattle. Onde Mudhoney, Tad, Soundgarden faziam a gravadora Sub Pop andar pelo menos que devagar, surgiu trÊs garotos com roupas sujas e rasgadas, camisas de flanela e cabelos despenteados.
 No meio do palco ficava o baterista Chad Channing, na direita o grandalhão Krist Novoselic, pulava com seu contra-baixo nas mãos e no lado esquerdo o pequenino garoto dos olhos azuis, Kurt Donald Cobain.
           

        O trio começou a despontar em festas universitárias na cidade de Seattle próxima à capital Washington D.C., tocando em todas as rádios da região, nascia o Nirvana com seu album de estréia: Bleach.

         O nome teve origem, depois que o guitarrista, vocalista e líder do grupo, Cobain, encontrou um cartaz de prevenção à AIDS, com os dizeres: "Bleach your works", para os viciados de heroína limparem as agulhas antes de usá-las.


        A capa do album foi fotográfada por uma namorada de Cobain , Tracy Marander, para quem ele escreveu e compôs uma canção, About a Girl. O album foi gravado por 600 doláres e tem algumas curiosidades, por exemplo, na foto da capa aparece os três integrantes da banda e Jason Everman. ele não participou das gravações do album , mas ajudou o grupo a pagar os 600 conto para a gravação ser concluída e como gratidão colocaram o amigo na capa do disco.

O  primeiro single do disco foi intitulado "Love Buzz", que é um cover de uma banda alemã Shocking Blue em 1967, com a letra levemente alterada  . O disco contava com duas músicas do primeiro álbum da banda, "Love Buzz" e "Big Cheese". Na época foram lançados somente 1000 edições numeradas, mas posteriormente o single foi relançado em vinil colorido.

No ano de 2009 o album fez o seu vigésimo aniversário, e a Sub Pop, em parceria da Geffen, fizeram uma reedição de luxo do Bleach  com um encarte colorido cheio de fotos da época dos primeiros shows, um disco da gravação orginal e um disco ao vivo gravado em Portland, Oregon, no dia 9 de fevereiro de 1990. Os dois discos do Long Play são brancos em 180 gramas, uma preciosidade para os fans da maior banda grunge de todos os tempos.  I SEE YA.

conservador demais

Na beira do abismo
acostumo meus pés ao pulo

me deixe atravessar seu deserto salgado

faça meu pão com sabor amanteigado

e meus desejos obvios de ficar deitado no meu quarto

esperando a banda passar para ficar mais anestesiado

as moscas voando
meu figado gritando
melhor eu me acalmar e descansar por aqui


Gustavo R.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Amorfo

Sólido amorfo, material amorfo ou substância amorfa é a designação dada à estrutura que não têm ordenação espacial a longa distância (em termos atómicos), como os sólidos regulares. É geralmente aceito como o oposto de estrutura cristalina. As substâncias amorfas não possuem estrutura atômica definida.
Algumas substâncias comuns no dia-a-dia são amorfas, como o vidro, o poliestireno e até mesmo o algodão-doce
   float up dreamsssss...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

capa do album "Frank´s Wild Years"

Sessão Long Plays!

Quando a noite cai estranha e fria meus olhos começam a ficar vermelhos, feito o rio de sangue que acaba de se formar.
Tenho um tio que curtE um som , jazz, blues, rockandroll e me deu de presente um vinil de um tal de Tom Waits, nunca tinha ouvido falar nesse cidadão até então e comentei com Paulo Rodrigues, (grande figura do bom gosto artístico), que tinha esse disco lá em casa. Ele ficou surpreso e falou pra eu guardar esse como a minha propria vida, haha. Farei.
O disco se chama: "Frank´s Wild Years" lançado em 1987 foi  intitulada "Un Operachi Romantico in two acts",  me deixou completamente surpreendido com a voz rouca de Tom Waits, que se assemelha a um trompete com uma distorsão personalizada. A música "Hang on St. Christopher" é alguma coisa surreal para os dias de hoje onde se ouve muito barulho e pouco trabalho de verdade.
O disco que na verdade é uma ópera,  teve sua estréia mundial no St. Briar Theatre, em Chicago, Illinois, em 22 de junho de 1986, realizado pela Companhia de Teatro Steppenwolf .

A dica é pra quem tá afim de ouvir algo que foge dos padrões guitarra baixo e bateria. I SEE YA!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Filtros

A mesa cheira a cigarros. As flores tossem o ar puro na noite de lua cheia, gatos viram as latas de lixo fazendo gritos transformaram-se em melodia.
Os raios começam a iluminar a madrugada nos becos sombrios.
“Senhores escritores sentem-se em suas cadeiras falantes e tirem suas dores em papéis machê” disse o mendigo jogado na calçada.
As ruas descansam suas costas com a chuva que começa a derrubar suas gotas como o som de palmas, acordando os desejos em pesadelos sangrentos.
A terra começa a ficar fofa nos quintais fabricados e enfeitados por flores em cativeiros ,isso se repete por todo quarteirão .Galhos e folhas iniciam uma dança,conforme as gotas que caem,formando sincronias surreais.
Os prédios escondem a visão das nuvens carregadas e impede a dança do vento, as mãos oram  a perfeição das formas em lagos vazios cercado por libélulas.
Sem claridade.




Alan Vianni

Peixes Navegantes

Pequenas gotas caem adormecidas na manhã cinzenta do lado sul, rosas presas em arames fechando a sorte e a luxuria. Anjos com seus olhos de sementes esverdeadas dançam em uma roda de sonhos. Uma bala atinge a conferência novamente no horário nobre, mais uma execução em doces lares.
                As ruas geladas esfumaceiam  vapores lançados pelos bueiros livres de cores, as luzes amareladas enfeitam os pássaros noturnos e sombrios. Em seu lado obscuro uma melodia do fim dos quarteirões em seu vulcão de erupções.
                As árvores parecem necessitar dos ares celestiais e nuvens carregadas de flores, por milhas e milhas procurando a pétala da meia noite. A meia luz de um antigo bar, guitarras pedem a atenção do barman para um gole que a anos estava prezo dentro daquela garrafa de uísque doze anos.
                Na sacada rústica do bar milenar,  acendo um filtro de prazer  e carbono para fugir a mente ao outro lado da noite. Cabelos estranhos parados em portas de carros, esperando novamente as lágrimas de uma noite fechada com traços de uma vela na escuridão.
Peixes estranhos navegam por calçadas imaginárias falando sobre fantasias encurraladas em garrafas voadoras. Profetas com copos escravos em seus punhos, elevando as estrelas seus pecados minúciosos dentro de uma bola de sorvete. Quebra-cabeças  se encaixam em esquinas, com toques de piano e apenas o vento como uma drástica companhia, você é tudo que necessito em quadrinhos mentirosos, seus olhos sexy voaram direto para o “Inferno de  Dante” .
O bar parece ter sumido daquela esquininha da rua 8, o copo de vidro foi deixado por descuido em minhas mãos, então sai caminhando rumo a porta que tinha sinais de uma luta da noite passada. Os passos batem no chão com um ritmo de tango, calmo, mas com intensidade.
Câmeras de segurança filmam a privacidade contemplada pelo céu negro e fechado,os muros parecem de colocar em um corredor da morte programado por ruas pintadas e pontos de ônibus, as flores ficam aprisionadas dentro de quintais montados com pisos e azulejos.
Andando em um “labirinto” de pecados, as harpas entoam os toques do fim dos tempos, os anjos se sentam em cima dos postes do “Coliseu de fantoches” cantando o som dos pássaros mortos pela pólvora da insanidade.




Alan Vianni  03-01-2011